quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

franganista salva o mundo

O olhar do FrangO I



Doggy style

Eis que o medo me desce pelo esterno e fica lá ao fundo das costelas mas eu me imponho. Endireito as costas.
_Não te permito que me sigas.
Oh, ela tem razão de estar indignada. Queria ver como sorria, como se mexia, como tratava o ministro 13, queria ver se o tratava como a mim, queria ver como o tratava ele a ela. Queria saber tudo. Não tenho razão, no entanto tenho.
_Não estás em condições de me permitir.
Resposta estúpida. Ela vai me deixar.
_Não vou deixar o V.A.P. por tua causa.
_Vais-me ter pela frente.
_Sai do meu caminho.
Como é que eu me meto nestas coisas?
_Não te quero prejudicar.
_Queres me seguir. Isso prejudica-me.
_Quero estar contigo. Nunca te vejo.
_És uma menina mimada.
Pose! Não consigo engendrar uma resposta a tempo. Pelo menos uma que não seja estúpida e arrog....
_Não me confias. Não te confias a mim. Não. Sabes.
E disse isto como se soletrasse. Acabei por me sentir incomodada com a impassividade dela a lavar uns pratos que ficaram de ontém, talvez a ganhar tempo. Pegou a roupa e saíu.
Talvez que cada um tenha que fazer a medida, que em morrendo se saiba o que quer dizer demasiado. Demasiada vida. Ou de-menos. Demasiados gatos, demasiadas pessoas. Um ajuntamento altera os comportamentos, mas com que garantia digo demasiadas se cada qual está alimentado e em saúde? Demasiados para quê?
Os gatos, por exemplo, quando são poucos procuram a compania das pessoas. Depois deixam de o fazer. Alguém faz amor e de repente tem um gato sentado nas costas. Isto é quando há poucos gatos (e pouco movimento). E o gato fica-se ali, em todo o caso três não são uma multidão porque o gato não conta como pessoa mas, estranhamente, o seu olhar conta porque se põem muito atentos. Quando estão distraídos não faz mal, mas quando se põem a olhar contam.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

V.A.P.

Tive notícias de suzette. Ela realmente ama-me, está comprovado.
Ao saír de casa fui abordada por uma figura de oculos escuros prateados que me passou um papel.
Estranhei, mas não muito. Que vida estúpida seria aquela em que isto fosse estranho.
Tenho cinco minutos de pausa.
Há um feto no escritório que pertence a várias pessoas. Foi uma prenda no aniversário da empresa. É a minha vez de o regar. O bilhete é numero de telefone.
À hora marcada dou com um jardim decrépito em obras eternas.
Não é suzette.
Acho que estou a entrar para uma seita. Nada de mais. Mas tenho que arranjar dinheiro de chico-zé.
Tudo depende do meu interesse. Só me pedem uma coisa_se não me interessa, que prescinda de fazer dinheiro com a história delas. Mas interessa-me assim ou assim. Pergunto-me como ameaçarão pessoas mais suspeitas que eu. Talvez sejam infalíveis com quem escolhem, ou talvez houvessem razões para eu ter medo. Se a Suzette está nisto, tenho uma ideia clara do que é moral neste jogo. Ou uma confiança infinita. Ou uma cegueira profunda.
A suzette está em disfarce, a viver com um ministro.
Entrei para o V.A.P. com o meu dinheiro de chico-zé. A minha casa habitual, o meu emprego, escolhi mantê-los, o meu aparente estilo de vida. Mas pretendo passar mais tempo no V.A.P. pelo que se viram forçadas a acolher a minha gatinha. Portanto, deixei de ter oficialmente gato.
Fellini iria adorar o V.A.P. do ponto de vista estético. Toda a ideia de V.A.P. é uma opção estética, mas uma opção organizada, e um mecanismo de protecção.
Em geral consigo comunicar com toda a gente, mas são poucas aquelas com que consigo perceber ter língua partilhada.
Por exemplo, a ideia de mercadoria. Suzette está de casa posta pelo ministro 13, que não a toma por prostituta mas por segunda esposa. A primeira, mais cara, tem domicílio no restelo, mas tem também filhos. Duvido que suzette lhe faça essa cena, pelo menos se ele tiver um feitio controlador. Eu não conseguiria vender a minha vida privada. Talvez esteja demasiado afectada pela imagem de individuo. Ainda que saiba que a minha vida privada é uma ilusão que vendo aos outros, agora que tenho uma Vida Absolutamente Privada, ainda assim gosto de ter controlo sobre essa ilusão.

Reich em Rosa

Já há três semanas que a suzette desapareceu mas ainda espero vê-la. Falta uma explicação lógica. Ela sabe que preciso disso. O maximo que posso fazer é aproveitar as energias.
E pensar nela.
Estou próxima da exaustão. É-me extremamente difícil coordenar, ser consciente dos três sistemas em simultâneo. Mas tanto quanto me foi possível perceber, a unica solução é continuar a insistir. Não me posso dar ao luxo de não pensar, um viciado não se pode dar a esse luxo. Tenho que trabalhar. Inspirar com a barriga é-me quase impossível. Inspirar....agora com a barriga...expulsar....conter as fezes....expirar com a boca....apertar com o abdominal, de baixo para cima....inspirar, não com o peito, com a barriga....talvez devesse ter escolhido ioga.
A proxima maquina não é particularmente impropícia. Os agachamentos correm mais ou menos bem porque as pernas não bulem tanto com o peito. Tem que haver uma maneira de me desviciar, de aprender a prescindir das cordas, do cinto.
Foi a unica maneira que sempre conheci, é claro que não há razões para ter vergonha mas estou farta. Imagino-me com a parafernália toda, uma glamorosa foto de jornal: asfixia erótica mais um caso na grande lisboa, ou seja, mais uma oportunidade de olhar para um cadaver bonito, isto é, se eu estivesse vestida para a ocasião, que não costumo estar.
Em roupa de ginasio também não vou estar de certeza. Às vezes resulta, quando já estou bem aquecida, quando a inconsciencia começa a bater pela repetição. Começo a formigar lá em baixo, a aquecer a cada respiração, dessas vezes bem sucedidas, sem contracção da traqueia. Uma mulher que não faz barulho, uma mulher como eu, uma mulher de ar_ou a mulher partida em duas.
Em todo o caso, a mulher no ginásio...a mulher em casa dos pais...
A contracção do pescoço tornou-se involuntária, e a contracção das pernas, um descomunal esforço de contracção acorda um lugar na cona, quase no cimo, diferente do ponto G e cujo nome desconheço se existe. No momento em que acorda abre-se a via. Crescentemente vai contagiando as zonas circundantes, despontam formigueiros nas axilas, a dor muscular cresce também a níveis que rejeitaria em lucidez.
Acontece que o climax que provoca se resume a algumas sacudidas da carne. Não admira que goste pouco, mas não o suficiente para achar vã a procura de um orgasmo. Ainda assim é bom ter um sexo que se agita.
A suzette detesta ginásios. Deus e o esparguete fizeram-la magra.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Suzette & eu

A Susette está espalhada num castelo de almofadas, pernas em quatro. A toda a volta gira a casa do chico-zé que a invocou, depois os prédios, os raros parques, as estradas por distâncias infindas e finalmente talvez no fundo, um mar ou um campo de cultivo.
Tenta fazer força mas estão colados os olhos, como se tivessem areia e sente um zumbido agudo. Abana, diz-se meneia as ancas antes de acordar, antes de decidir acordar meneia-se como se ainda fosse ontém, expulsando com a barriga o utero de encontro ao sexo, arrastando o pito no lençol para apanhar as ondas de sangue que lhe sobem pelo peito e lhe descem franzindo o cu. Lembra-se e dá uma gargalhadinha para dentro. O chico-zé, em inglês john, pouco expedito nas artes do amor.
A suzette tem que acordar, mas o pito arrasta no lençol, à procura das zonas frescas, reclamando um pouco do atrito do pseudo-linho. Recolhendo um pouco a barriga consegue esbarrar com os mamilos e o queixo também, para cima e para baixo, e abre a boca contra o lençol. Os cantos da boca, as gengivas, a língua. Um ser pesado pousa-lhe com estrondo nas costas e o chico zé não é, é a antítese perfeita desse ser. E. e R. ou seja Ela e Ela, habituadas aos jogos de sala dos jovens adultos poderiam mais concretamente, sem grandes preparações, possuir esse ser. A boca continuar a dar respirações fundas ao lençol e as costas erguem-se em ponte entre o pito e os mamilos que baloiçam na ponta dos chumaços-mama.
Num acesso histerico, suzette acorda e recolhe o salário. Com precisão, sobe o rolinho das meias sfumatto até às coxas, prende os clips e coloca o resto da roupa, ie, uma unica peça lisa de 60 centimetros e calças os sapatos para sair. Tudo isto levou cerca de um minuto e em cinco deles já não há vislumbre de almofadas de debrum budista.
Eu acho que suzette, o meu crepe suzzette está lá dentro a fazer coisas sujas num sítio sujo. A abrir a boca contra os azulejos e a arquear as costas fazendo uma ponte entre os mamilos e o pito e que sente a falta de algo que possa agarrar e expulsar com a cona, mas há se há coisas que o meu crepe suzette acha é que há coisas que tem que fazer sozinho. Ela tranca a porta e eu leio o jornal. Aceno ao barista e peço o café da manhã.
Felizmente é fim de semana.
O meu crepe suzette é prostituta das finas. Basta fazê-lo por ideologia, começar por ideologia para ser uma das finas. Eu sou...não importa o que eu sou. Tudo é igual a prostituta excepto prostituta.
O meu crepe suzette diz que fazer prostituta lhe lembra como as coisas são mal feitas e é preciso fazê-las melhor. De que há quem pague para isso. Pelo caminho acabo no lote dos malfeitores, mas nunca dos maus amigos.
Este gesto que conheço tão bem, o arquear da minha suzette é uma metáfora mal feita. Só tenho a certeza que existe, e quando a vejo arquear tenho a certeza que sou fraca e pequena demasiado infima, enfim que as forças se me canalizam como num giradiscos avariado, com excessiva ou pouca intensidade, com pendor para o sadismo, a vingança sabe-se lá de quem, ou o seu contrário, agressividade insuficiente para deixar de ser servil fodendo.
Uma vez ou outra já me perguntei se seria anatomia, o recurso ao dildo que me faz sentir mas não é um orgão, mas ela assegura-me que os chicos-zés não se saem melhor.
Sendo a histeria, o sadismo, o esquecimento do próprio desejo e a vontade de desejar para cumprir uma função, o sexo como função? Eu só queria fazer o meu crepe suzette feliz...Ou menos só...ou que fosse só (se tem mesmo que ser) comigo.